sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Dabke - Breve Histórico

Debke


A palavra Dabke, em árabe, significa "bater os pés".  O dabke  é úma dança folclórica popular no mundo árabe, sendo vista em casamentos, formaturas, aniversários.

Os tipos mais comuns de Dabke são Dabka Shamaliya (dança do país) e Dabka Jabali (dabke da montanha), mas cada aldeia tem seu próprio estilo. O líder é chamado Raas ("cabeça") e ele ou ela gira um lenço ou um colar de contas chamado masbha (semelhante a um rosário), enquanto o resto dos bailarinos mantém o ritmo. Em algumas músicas Dabke, o cantor começa com uma Mawwal (solo vocal). Exemplos de algumas canções populares  Ya Ein Muletin e Wein Al Ramallah.
Sabemos que a maioria das danças orientais que conhecemos são oriundas dos países árabes do continente africano, especialmente o Egito mas também as danças folclóricas da Tunísia, Líbia, Argélia, Marrocos, e das regiões do sul de Espanha, para não deixarmos de incluir a Dança Árabe Andaluza. Já o mundo árabe  asiático inclui a região conhecida como B'lad E'Shaam (Líbano, Palestina, Jordânia, Síria, Iraque,  e parte das áreas Khaliji). Além desses países, as influências são encontradas no Irã, Turquia, e mais além.
"Dança do Ventre é apenas um tipo de dança oriental. A Dança do Ventre é  de todo o mundo árabe, que inclui o Norte de África, árabes da Ásia ,  Turquia. É popular acreditar-se que a Dança do Ventre teve origem no Egito, mas na verdade se originou com os invasores franceses, que controlavam a África do Norte e no Líbano. A maioria dos árabes sabem que a Dança do Ventre começou com os cassinos e cabarés, criada pelos franceses.   Em árabe, dança do ventre é chamada "Raks B'tn" (Dança do estômago). Em francês é chamado Danz Orientale ou Daneues du Ventre.Atribui-se a Badia Masabni ter levado para o Egito o estilo conhecido nos cabarés bem como as primeiras escolas."  (Tasha Banat)



MUWASHSHAHAT RAQISAH- by Farida Fahmy


MUWASHSHAHAT RAQISAH

(publicado por Farida Fahmy, Mestre em Etnologia UCLA Dance - Agosto de 2009- 
Traduzido por Yasmine Amar)

Muwashshahat Raqisah é uma suíte de danças coreografadas por Mahmoud Reda e Farida Fahmy,  em uma produção feita para televisão egípcia por Ali Reda, irmão de Mahmoud Reda.

Shahat Muwash é o plural do nome Muwashah, uma forma poética que inclui música e vocalização. É um gênero musical sofisticado que se originou na Espanha muçulmana durante o século décimo. É descrito como um poema estrófico com repetidas retorna rondo-como um refrão musical. O nome muwashshah  é uma referência ao Wishah que as mulheres usavam na Andaluzia. A canção estrófica do muwashshah expressa diretamente os próprios pensamentos e sentimentos do poeta. As letras falam de amor, alegria e tristeza. 

Em 1492, quase meio milhão de árabes foram expulsos da Península Ibérica. Eles migraram para o Norte de África, levando as suas tradições culturais com eles. Músicos e cantores levaram com eles sua herança musical,instrumentos e gêneros musicais diferentes que incluiu milhares de muwashshahat.

Hoje, a forma clássica da muwashshah permanece popular em Marrocos, Tunísia, bem como na Síria e no Líbano. Ele continuou a prevalecer no Egito até os primeiros anos do século 20. A tradição musical do muwashshah foi transmitida oralmente de uma geração de cantores para o outro. Em meados do século 20 os historiadores e amantes da música dedicaram muitos anos de trabalho duro num processo de resgate de documentação  do que restou dessa tradição musical.
  
O Muwashshahat Reda

Em 1979, Ali Reda foi convidado para passar uma noite musical na casa de Hammada Madkour. Lá, ele ouviu pela primeira vez, o talentoso Fouad Abdel Magid, compositor não profissional que escreveu a letra, compôs e cantou Muwashshahat.  Ali Reda ficou tão impressionado e rapidamente decidiu colaborar com Fouad Abdel Magid para montar uma produção na qual o Grupo Reda iria interpretar a sua música.

    

A Música de Abdel Magid Foad



Fouad Abdel Magid aderiu à forma, à estrutura e ao estilo lírico da tradição andaluza. Seu repertório incluiu um grande número de peças musicais variadas. Em sua orquestração, foram misturados os instrumentos ocidentais e egípcios, tornando uma versão moderna e elegante, que manteve a essência e as características próprias das peças Abdel Magdid. 
    

Coreografia de Mahmoud Reda

Ao contrário do compositor musical e arranjador, Mahmoud Reda não tinha ponto de referência a partir do qual  coreografar. Não havia  nenhuma referência  disponível do modo como eles dançavam. Foi a primeira vez que o muwashshah foi apresentado como um espetáculo de dança.  Em suas coreografias, Mahmoud Reda confiou na sua imaginação artística e na inspiração pela música, assim como sua experiência e seu rico repertório  de movimento que ele tinha acumulado por muitos anos. 

A forma musical do gênero com seus variados padrões rítmicos e qualidade estrófica influenciou a  escolha de combinações de movimentos e projetos espaciais, dando-lhe uma nova base  para se expressar. Ele, mais uma vez, inventou um novo gênero de dança que englobava elegância, bom gosto e movimentos fluidos que foram uma inovação para seu grande repertório de gêneros e estilos.
 

    


Referências
al-Faruqi, Lois Ibsen 1983 "A Tradição da Andaluzia" em O Gênio da civilização árabe: Fontes do Renascimento. 
(Cambridge, MA: MIT Press)
Racy, Ali Jihad 1983 "Music", em A Genious da civilização árabe: Fontes do Renascimento. 
(Cambridge, MA: MIT Press)
    
Al Helou, Selim 1965 "Al-Muwashshhat Andaluussia-AL: Origem e Evoltion 
(Beyrouth Librarie Al-Hayat)

Folclore Egípcio por Mahmoud Reda (trad.Karina Quati)





foto: Mahmoud Reda e Farida Fahmy 

Texto de Mahmoud Reda 
 Tradução: Dahabi (Karina Quati)
SAIDI
A região Saidi fica no sul do Egito e é composta por quatro grandes cidades:
 v    Quina
 v    Luxor
 v    Asyut
 v    Suhaj

A famosa “dança saidi com bengala” (raks al sayya) originou-se nessa área e é considerada a mais importante das danças folclóricas egípcias. Tahtib refere-se a um tipo de dança,  mas também refere-se  a um jogo entre dois homens no qual cada um segura um bastão de bambu para mostrar destreza e força, e um deles vence no final. A dança da bengala também é praticada como passatempo e é usada no sentido de defesa pessoal. Esta dança tornou-se muito famosa em muito comum em festas de casamento e ocasiões festivas.
Originalmente, as mulheres não dançavam, pois era proibido pela sua cultura, mas Mahmoud Reda criou a versão feminina para dança saidi para teatro, permitindo às mulheres que dividissem o palco com os homens.
Os instrumentos que são tocados para dança saidi são mizmar, rebab, flauta, e tabla.
Roupa para os homens: Galabya (túnica) longa em uma cor escura, como um casaco preto, e turbante branco na cabeça para protegê-los do Sol.
Roupa para as mulheres: Galabya (túnica) longa que cubra todo o corpo, lenço comprido na cabeça para cobrir todo o cabelo, e um colar chamado “kerdan” geralmente de ouro.
na foto: Farida Fahmy
Nouba ou Dança Núbia
A dança Núbia originou-se mais ao sul do Egito do que o saidi, em uma área entre o Egito e o Sudão. A região é extremamente quente o ano inteiro, por isso os núbios tem que vestir roupas especiais para protegerem-se do Sol.
A música núbia é muito rica em ritmos. Às vezes eles usam bandirs (tambores grandes) para a dança, mas nem sempre.
A dança núbia é muito suave e com movimentos simples. O povo núbio são parte da África negra e são muito diferentes do resto do povo egípcio. Eles também têm sua própria língua e dialeto.
Roupas para os homens: Galabya longa e branca e calças brancas (a cor branca ajuda a refletir a luz do Sol). Por cima, uma roupa colorida e um turbante bem comprido na cabeça. Eles também usam sapatos especiais para proteger seus pés do chão quente.
Roupas para as mulheres: Galabya longa em cores claras, um vestido preto leve por cima, que mostre o vestido de baixo, um lenço bem comprido na cabeça, cobrindo todo o cabelo. Elas adoram usar muitos acessórios: um colar chamado Kerdan Núbio, grandes brincos, geralmente de prata, e todo tipo de acessórios de prata.
Fellahin
A área Fellahi está no centro do Egito. Existem quatro cidades principais nesta área:
v    Al Sharqeia
v    Al Bahaira
v    Al Garbeia
v    Al Monofeya
A palavra “Fellahin” refere-se a pastores e camponeses. O povo fellahi é muito gentil e simples. A versão feminina da dança é distinguida pelo uso de um jarro (ballas).


foto: Ahlam Dance Theatre
O jarro é o que essas mulheres usam no dia a dia para trazer água para casa. Os homens usam a enxada para trabalhar a terra.
Roupas para os homens: Calças curtas, pois eles trabalham na água, galabya longa que eles enrolam na cintura para não molhar. Na cabeça eles usam uma pequena boina chamada “mandil”, que absorve o suor e os protege do Sol.
Roupas para as mulheres: as mulheres usam uma galabya bem comprida em cores claras. Elas não mostram nenhuma parte do corpo, e usam também um longo lenço cobrindo toda a cabeça. Quando as mulheres fellahin dançam, elas usam movimentos de quadril e muitas palmas.



Hagalla
O povo Hagalla vive no deserto do Egito, no lado oeste, muito perto da Líbia.
Nesta dança, geralmente há um grupo de homens dançando. Geralmente, uma mulher ouve as palmas e aproxima-se do grupo, então escolhe o homem com o qual ela quer dançar. As mulheres Hagalla danças com sapatos baixos, por que a areia é quente e fofa.
Roupas para os homens: Muito similares às da dança Núbia. Os homens vestem calças compridas, galabyas até o joelho e outra capa por cima. Eles também usam um chapeuzinho baixo vermelho chamado “tarbush”.
Roupas para mulheres: Calças e uma galabya longa por cima. Camisas por cima, com muitas camadas de tecido. As mulheres fazem movimentos grandes de quadril.